10.º Batalhão de Infantaria Leve - Montanha
10.º Batalhão de Infantaria Leve - Montanha | |
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Entrada do quartel | |
Corporação | Exército Brasileiro |
Subordinação | 4ª Brigada de Infantaria Leve - Montanha |
Tipo de unidade | Infantaria de montanha |
Denominação | Batalhão Marechal Guilherme Xavier de Souza[1] |
Sigla | 10º BIL Mth |
Sede | |
Guarnição | Juiz de Fora, Minas Gerais |
O 10.º Batalhão de Infantaria Leve - Montanha (10º BIL Mth) é uma unidade do Exército Brasileiro sediada em Juiz de Fora, Minas Gerais e subordinada à 4.ª Brigada de Infantaria Leve de Montanha.
História
O batalhão é a quinta organização militar mais antiga do Exército,[2] traçando sua ancestralidade à Companhia de Dragões, criada em 17 de janeiro de 1749 em São Paulo, levada a Cuiabá em 1751 e absorvida pela “Infantaria da Legião do Mato Grosso” em 1818. Assim participou da pacificação dos índios Guaicurus e da Guerra do Paraguai. Tornou-se “19.º Batalhão de Infantaria Ligeira” e foi estacionado em vários pontos do Sul.[3][4]
As Normas para a preservação das tradições das Organizações Militares do Exército Brasileiro consideram a denominação histórica do batalhão como o 23º Batalhão de Infantaria,[1] criado no Rio de Janeiro em 1888. Na reorganização militar da República Velha, Suas primeiras três companhias, organizadas como o “52.º Batalhão de Caçadores” em 1908, chegaram a Juiz de Fora em 1919 para formar o primeiro batalhão do “10.º Regimento de Infantaria”.[5] O segundo batalhão veio do 57.º Batalhão de Caçadores.[6]
Nas revoluções de 1924, 1930 e 1932 o regimento foi legalista. Na primeira, enfrentou revoltosos tenentistas na cidade de São Paulo e mais tarde no oeste do Paraná.[7] Em 1930, defendeu sua própria cidade dos revolucionários da Força Pública de Minas Gerais. Os pedidos de reforços não foram atendidos. Os combates avançaram, posição por posição, até o próprio quartel do regimento, que só se rendeu quando o próprio governo federal foi destituído no Rio de Janeiro.[8][9] Esse foi um dos períodos mais longos de combate em Minas Gerais na revolução, possivelmente pelo equilíbrio das forças em operação.[10] Em 1932 o regimento combateu os paulistas na serra da Mantiqueira.[11] De 1932 a 1955 ele esteve em Belo Horizonte, trocando de lugar com o 12.º Regimento que até então servia na capital mineira.[6]
Em 1960 o 10.º, como era comum entre os regimentos, tinha apenas um de seus três batalhões previstos.[12] No golpe de Estado de 1964, tornou-se peça-chave da Operação Popeye, a ofensiva a partir de Juiz de Fora contra o governo no Rio de Janeiro. À época era comandado pelo coronel Clóvis Galvão da Silveira, enquanto o único batalhão era do major Hindemburgo Coelho de Araújo. Clóvis recusou-se a mover o regimento contra o ministro da Guerra e foi substituído pelo tenente-coronel Everaldo José da Silva, do Estado-Maior regional. A 2ª Companhia de Fuzileiros foi o primeiro deslocamento de tropas, ainda na manhã de 31 de março, seguida do restante do regimento.[13][14] Essa companhia permaneceu como vanguarda do “Destacamento Tiradentes” no dia seguinte.[15] Na ditadura militar, o quartel do regimento recebeu prisioneiros políticos, incluindo integrantes da Guerrilha do Caparaó.[16]
Com o fim dos Regimentos de Infantaria nos anos 1970,[12] em 1972 o regimento foi extinto e seu primeiro batalhão foi chamado simplesmente de “10º Batalhão de Infantaria”.[17][18]
Na atualidade
Em 2005 o 10º BI contava com 33 oficiais, 160 subtenentes e sargentos e 450 cabos e soldados organizados em duas companhias de fuzileiros e uma companhia de comando e apoio.[17] Sua denominação passou a “10º Batalhão de Infantaria Leve” em 2014 e “10º Batalhão de Infantaria Leve - Montanha” em 2019, especializando-se nas operações em ambiente de montanha como o restante de sua brigada, a 4.ª de Infantaria Leve de Montanha.[19][20] O batalhão contribuiu com as forças empregadas na intervenção federal no Rio de Janeiro em 2018.[21]
A sede abriga um museu, o Espaço Cultural Marechal Guilherme Xavier de Souza.[3]
Referências
- ↑ a b BRASIL. Ministério da Defesa. Normas para a preservação das tradições das Organizações Militares do Exército Brasileiro. 16 de janeiro de 2003.
- ↑ Noticiário do Exército (19 de fevereiro de 2020). «Batalhão comemora seu aniversário de 271 anos». Consultado em 28 de dezembro de 2020
- ↑ a b Meireles, Michele (25 de agosto de 2019). «No Dia do Soldado, conheça o museu do 10º Batalhão, em JF». Tribuna de Minas. Consultado em 28 de dezembro de 2020
- ↑ AHEx (2020). «Catálogo de destino dos acervos das Organizações Militares do Exército Brasileiro» (PDF) 2ª ed. Rio de Janeiro: Arquivo Histórico do Exército. Consultado em 6 de março de 2021 . p. 525.
- ↑ AHEx, Catálogo de destino dos acervos das Organizações Militares, p. 464, 484.
- ↑ a b AHEx, Catálogo de destino dos acervos das Organizações Militares, p. 584-585.
- ↑ Savian, Elonir José (2020). Legalidade e Revolução: Rondon combate tenentistas nos sertões do Paraná (1924/1925). Curitiba: edição do autor . p. 95 e 124.
- ↑ Geraldo, Alcyr Lintz (2004). 1930: O furacão veio do Sul. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército . p. 305-308.
- ↑ Andrade, Paulo René de (1976). Três Revoluções: a atuação da Polícia Militar de Minas Gerais, a antiga Força Pública, nos movimentos revolucionários de 1924, 1930 e 1932 (Primeira parte). Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais . p. 420-427.
- ↑ Fróis, Jonas Rodrigues (2014). Revolução de 1930 em Belo Horizonte: Violência, exclusão social e silêncio (PDF) (Especialização em Culturas Políticas, História e Historiografia). Universidade Federal de Minas Gerais . p. 20.
- ↑ Cotta, Francis Albert (julho–dezembro de 2002). «As trincheiras da Mantiqueira: os embates da Brigada Sul na Revolução Constitucionalista». Belo Horizonte: Polícia Militar de Minas Gerais. O Alferes. 17 (54) . p. 71.
- ↑ a b Pedrosa, Fernado Velôzo Gomes (2018). Modernização e reestruturação do Exército brasileiro (1960-1980) (Doutorado em História). Universidade Federal do Rio de Janeiro . p. 171 e Apêndice 3.
- ↑ Motta, Aricildes de Morais (coord.) (2003). 1964-31 de março: O movimento revolucionário e sua história (Tomo 3) (PDF). Col: História Oral do Exército. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora . p. 175-184.
- ↑ Gaspari, Elio (2002). A ditadura envergonhada. Col: As Ilusões Armadas. São Paulo: Companhia das Letras . p. 71.
- ↑ D'Aguiar, Hernani (1976). A Revolução por Dentro. São Cristóvão: Artenova . p. 137.
- ↑ CMV de Juiz de Fora (2016). Memórias da repressão: relatório da Comissão Municipal da Verdade de Juiz de Fora (PDF). Juiz de Fora: MAMM . p. 70-71.
- ↑ a b «Prefeito recebe homenagem na comemoração ao Dia da Infantaria». Prefeitura de Juiz de Fora. 20 de maio de 2005. Consultado em 28 de dezembro de 2020
- ↑ AHEx, Catálogo de destino dos acervos das Organizações Militares, p. 480-481.
- ↑ AHEx, Catálogo de destino dos acervos das Organizações Militares, p. 494.
- ↑ Meireles, Michele (2 de maio de 2019). «Militares de Juiz de Fora passam a usar boina de cor cinza». Tribuna de Minas. Consultado em 2 de outubro de 2022
- ↑ Meireles, Michele (11 de novembro de 2018). «Mais de 400 soldados de JF na intervenção federal no Rio». Tribuna de Minas. Consultado em 28 de dezembro de 2020