Equação diferencial homogênea

Entre os principais tipos de equações diferenciais ordinárias de primeira ordem encontramos as equações diferenciais homogêneas. O termo homogêneas provem do fato que o lado direito da equação diferencial é, nesse caso, uma função homogênea de grau qualquer. Para tais equações, uma substituição de variável conveniente permite reescrever a equação diferencial como sendo uma equação de variáveis separáveis. E então, resolve-se a equação obtida usando o método da separação de variáveis. Por fim, volta-se a variável original de forma a obter a solução em termos da variável primitiva. Essa metodologia, descrita a seguir, permite resolver todas as equações diferenciais ordinárias incluídas nessa classe.

Definição

Seja Ω R 2 {\displaystyle \Omega \subset \mathbb {R} ^{2}} um domínio. Uma equação diferencial ordinária de primeira ordem é dita estar na forma simétrica ou na forma diferencial, se ela é da forma

P ( t , y ) d t + Q ( t , y ) d y = 0 {\displaystyle P(t,y)dt+Q(t,y)dy=0} , em que P , Q C ( Ω ) {\displaystyle P,Q\in C(\Omega )} .

Uma função h ( t , y ) {\displaystyle h(t,y)} é dita ser homogênea de grau m {\displaystyle m} , se,   ξ > 0 {\displaystyle \forall \ \xi >0} ,

h ( ξ t , ξ y ) = ξ m h ( t , y ) {\displaystyle h(\xi t,\xi y)=\xi ^{m}h(t,y)} .

Uma equação diferencial ordinária é dita ser homogênea de primeira ordem se ela é da forma

P ( t , y ) d t + Q ( t , y ) d y = 0 , {\displaystyle P(t,y)dt+Q(t,y)dy=0,}

em que P {\displaystyle P} e Q {\displaystyle Q} são funções homogêneas de mesmo grau.

Exemplos

1) t d y + ( t y t 1 y ) d t = 0. {\displaystyle tdy+\left(t{\sqrt {{\frac {y}{t}}-1}}-y\right)dt=0.}

Neste caso P ( t , y ) = t y t 1 y {\displaystyle P(t,y)=t{\sqrt {{\frac {y}{t}}-1}}-y} e Q ( t , y ) = t {\displaystyle Q(t,y)=t} são homogêneas de grau 1.

2) y = ( 2 t + y ) y t 2 . {\displaystyle y'={\frac {(2t+y)y}{t^{2}}}.}

Como y = d y d t {\displaystyle y'={\frac {dy}{dt}}} , segue que

P ( t , y ) = ( 2 t + y ) y {\displaystyle P(t,y)=-(2t+y)y} e Q ( t , y ) = t 2 {\displaystyle Q(t,y)=t^{2}} . Note que ambas são homogêneas de grau 2.

Existência e unicidade

Se P , Q , y P , y Q C ( Ω ) {\displaystyle P,Q,\partial _{y}P,\partial _{y}Q\in C(\Omega )} e Q ( t , y ) 0 {\displaystyle Q(t,y)\neq 0} em Ω {\displaystyle \Omega } . Então a equação homogênea de primeira ordem acima com a condição inicial y ( t 0 ) = y 0 {\displaystyle y(t_{0})=y_{0}} , tem única solução para qualquer escolha de ( t 0 , y 0 ) Ω {\displaystyle (t_{0},y_{0})\in \Omega } [1] [2].

Resolvendo uma equação homogênea de primeira ordem

Faz-se a mudança de variável y = t u {\displaystyle y=tu} em que u {\displaystyle u} é uma função desconhecida de t {\displaystyle t} . Logo, d y = d t u + t d u {\displaystyle dy=dtu+tdu} [3] .

Daí, d y d t = u + t d u d t {\displaystyle {\frac {dy}{dt}}=u+t{\frac {du}{dt}}} . Além disso, P ( t , y ) = P ( t , t u ) = t m P ( 1 , u ) {\displaystyle P(t,y)=P(t,tu)=t^{m}P(1,u)} e Q ( t , y ) = Q ( t , t u ) = t m Q ( 1 , u ) {\displaystyle Q(t,y)=Q(t,tu)=t^{m}Q(1,u)} .

Substituindo na equação homogênea de primeira ordem obtemos

t m P ( 1 , u ) d t + t m Q ( 1 , u ) ( u d t + t d u ) = 0 {\displaystyle t^{m}P(1,u)dt+t^{m}Q(1,u)(udt+tdu)=0}
( P ( 1 , u ) + u Q ( 1 , u ) ) d t + t Q ( 1 , u ) d u = 0 {\displaystyle (P(1,u)+uQ(1,u))dt+tQ(1,u)du=0}

ou

d u d t = P ( 1 , u ) + u Q ( 1 , u ) Q ( 1 , u ) 1 t {\displaystyle {\frac {du}{dt}}=-{\frac {P(1,u)+uQ(1,u)}{Q(1,u)}}{\frac {1}{t}}} .

Que é uma equação separável. A qual pode ser resolvida usando o método da separação de variáveis.

Referências

  1. Brauer, Fred Brauer, John A. Nohel (1967). Ordinary Differential Equations A First Course. Amsterdam: W.A. Benjamin, Inc. p. 24 
  2. Sotomayor, Jorge Sotomayor (1979). Lições de equações diferenciais ordinárias 1 ed. Rio de Janeiro: IMPA. p. 12 
  3. Dantas, Edmundo Menezes Dantas (1970). Elementos de Equações Diferenciais 1 ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico S.A. p. 17